Minha primeira experiência e um pouco da minha história no Santo Daime
A AYAHUASCA
Os nomes populares são vários: hoasca, iagê, santo daime, Mariri… não importa . No Brasil, seu consumo só é permitido em rituais religiosos e curativos.
Não se sabe ao certo quando a Ayahuasca começou a ser utilizada, mas alguns estimam que seu primeiro uso em rituais data de mais de 5 mil anos atrás. Os Incas a utilizavam em seus rituais
SANTO DAIME
Uns falam que é uma bebida alucinógena, eu adoto particulamente o termo “eteógeno” que, traduzindo do grego, significa algo como “gerador da divindade interna”. Estes atribuem à bebida poderes curativos, tanto do corpo quanto da alma, quando consumida da maneira correta.
Seja lá como for, a decisão de experimentar é muito pessoal, e deve ser tomada após muita reflexão. No Santo Daime é erro fraternal chamar alguém para tomar a bebida. No meu caso, eu sou filho de pai peruano com mãe amazonense, pelo lado da familia de meu pai era usada como remédio, cheguei a tomar algumas colheradas, mas como ritual, só tinha ouvido falar e para falar a verdade de um modo bastante negativo, isso fez com que a experiência com o sacramento demorasse um pouco mais, mas tudo tem a sua hora certa. Um pouco mais tarde, numa época que eu fazia teatro, conheci um ator de teatro e televisão chamado Carlos Augusto Strazzer que veio à Manaus dirigir uma peça que eu participava chamada “O Desbunde”, era uma peça que eu tinha participação no texto e que abordava um pouco de religião e misticismo, foi ai que a coisa começou a acontecer realmente no plano espiritual, antes era conversa fiada de buscador da verdade e papo de bar. Quando vi o Strazzer pela primeira vez, sentir que alguma coisa tinha acontecido dentro de mim, uma inquietação que no ínicio achei que era o nervoso da estréia da peça e ainda mais sendo dirigida por um ator famoso e conhecido no Brasil inteiro.
A estreia da peça no Teatro Amazonas correu maravilhosamente bem, o Strazzer depois da peça conversou com todo o elenco e disse que tinha gostado da peça e da atuação do elenco, mas aqui o elenco abandona a nossa história. Fui chamado por ele em particular e ele me disse que ia em uma reunião naquela noite com um grupo aqui de Manaus, era noite de quinta feira , noite de Muskil Gusha, o dissipador de todas as dificuldades e naquela noite eu conheci o Sufismo que pratico até hoje, isso já faz mais de 30 anos. Como vou falar da minha experiência com o Santo Daime, aqui o Sufismo abandona a nossa história e prometo conta – la em outra ocasião.
No outro dia o Strazzer jogou um Tarô para mim e as cartas me instruiram a ir para o Rio de Janeiro para estudar teatro, treinar jiu jitsu e continuar a minha jornada espiritual. Já no Rio de Janeiro fazendo tudo o que tinha planejado fazer, eu sentia um voz que dizia que eu ainda ia encontrar o meu caminho espiritual, o que eu estava fazendo era só uma preparação, e mandava eu ficar atento que a hora ia chegar. Um belo dia e estava na casa do Strazzer junto com a família dele e eu soube que eles iam participar de um ritual que vinha da floresta amazônica, e nesse momento a voz falou: chegou a tua hora de descobrir o que vieste fazer aqui n0 Rio de Janeiro, eu fiquei
alegre, mas curioso para saber que ritual era aquele que vinha da minha terra. Chegamos em uma igeja do Santo Daime na estrada das canoas chamada de Céu do Mar, o Padrinho dessa igreja era e é o Padrinho Paulo Roberto que é casado com a filha do Padrinho Sebastião chamada Madrinha Nonata, fomos recebidos com muito amor e eu soube que iamos fazer um dos trabalhos do daime chamado de concentração que é feito nos dias 15 e 30 de cada mês e é aberto para visitantes.
Às 19h o Daime foi servido, e pela primeira vez eu tomei a santa bebida em um ritual, das mãos do Padrinho Paulo Roberto. Cantamos a oração e depois apagaram as luzes e ficamos em concentração, foi quando a força chegou e eu sentie as minhas pernas adormecerem, a força foi tomando conta de todo o meu corpo e a miração aconteceu. Na miração. fui parar na barriga da minha mãe e nasci de novo, e a mesma voz que sempre me acompanhou me fez compreender que eu tinha renascido para uma nova vida, uma nova consciência tomou conta de mim. Tomei a segunda dose e estavamos cantado os hinos de conccntração, vomitei e a peia tomou conta de mim, passei baixo por uns momentos, mas o daime me mostrou o que eu estava limpando, com uma clareza que parece que tinha acendido uma luz dentro de mim, chorei bastante, mas a maior parte do choro foi de alegria e gratidão por tudo o que estava acontecendo comigo naquele momento. Tive revelações e instruções e não tive dúvida que ali era a minha casa. Veio a terceira dose e eu fiquei um pouco receoso, pois a força ainda estava muito forte, foi quando um pensamento passou por mim e disse que o mêdo é importante em alguns momentos da vida, mas naquele momento só estava atrapalhando. Tomei a terceira com confiança e deu tudo certo e no final do trabalho veio a intenção de fardar.Tive que participar de mais alguns trabalhos para ver se a intençao de fardar não era só empolgação, pois o fardamento não é só tomar daime e participar dos trabalhos, é tomar para si outras responsabilidades com relação a doutrina.
Depois de vários trabalhos e estudos sobre as obrigaçoes de um fardado, resolvi me fardar. Eu é um grupo de amigos tinhamos marcado uma viagem até o Mapiá que é o centro principal do Santo Daime, para conhecer o lugar e encontrar o dirigente da doutrina designado pelo Padrinho Sebastião para substitui-lo após sua passagem, o seu filho Padrinho Alfredo
Chegamos no Mapiá e fomos recebidos com toda o amor e carinho pelo Padfrinho Alfredo e imediatamente senti com o coração que eu estava na frente do meu Padrinho, e em nossa homenagem fizeram um trabalho de estrêla para aquela ocasião. Foi de longe o trabalho mais forte que fiz na vida, eu tinha achado que já conhecia o daime, mas esse trabalho me fez ver o que o hino diz “Quanto mais puxas por mim , mas eu tenho que te dar” e deu.
O fardamento foi feito, coloquei a estrêla no peito e está até hoje.
Depois de um tempo fazendo trabalhos no Céu do Mar, no Rio de Janeiro , eu, Strazzer, Luis Carlos Mestrinho, Atila Rayol, Lúcia Arruda e Padrinho Alfredo resovemos trazer o Santo Daime para Manaus, apesar de ser originário da floresta amazônica ainda não existia aqui, dentro do ritual do Santo Daime
O primeiro trabalho foi feito na praia do Tupé e o segundo na casa da D. Sadie Hauache onde o Padrinho e sua comitiva ficaram hospedados.
Depois eu e Átila ficamos um tempo em Manaus fazendo trabalhos de santo Daime, ainda
não tinha igreja e a gente fazia onde fosse possivel fazer. Era o daime selvagem, muita gente experimentou a bebida e muitos ficaram e estão até hoje.
Esse foi a minha primeira experiência e um pouco da história da minha vida com o Santo Daime, frequento até hoje junto com a minha família (Carol e Luiz Guilherme), são todos fardados. Sou muito grato a todos as pessoas que ao longo do tempo de uma forma ou de outra contribuiram para a minha jornada espiritual dentro da doutrina do Santo Daime.
Gratidão eterna aos meus três padrinhos : Padrinho Carlos Augusto Strazzer por ter sido o responsável pela minha ida ao primeiro ritual do Santo Daime e por te me apresentado o Sufismo, ao Padrinho Paulo Roberto do Céu do Mar, no Rio de Janeiro por ter me dado o primeiro Daime e o Padrinho Alfredo por ter sido o Padrinho que me fardou na Doutrina do Santo Daime e que sigo até os dias de hoje.
MESTRE IRINEU